
Estava longe de imaginar, que o meu jantar da última quinta-feira teria sido cozinhado no ano de 2006. Mais longe estaria, de atribuir a sua confecção e receita ao chef John Carney, e que a sua degustação durasse precisamente oitenta e três minutos – falo-vos de Once (No mesmo tom, na tradução portuguesa), um filme que vi por acaso e que me delicia com cinco anos de atraso.
Quando o jovem Glen Hansard abandonou os estudos para se apresentar como músico às ruas de Dublin, não pensaria que volvidas mais de duas dezenas de anos esse seria o seu argumento para o mundo. Quando o músico Glen Hansard se reuniu com a cantora e multi-instrumentista Markéta Irglová, para que nascesse o projecto The Swell Season, não pensaria o quão longe poderiam viajar as suas canções. Quando o actor Glen Hansard se revela como protagonista de um filme indie, não imaginaria o seu nome escrito na galeria de notáveis de Hollywood.
Realizado pelo irlandês John Carney, Once é uma história simples. Sem qualquer notabilidade de imagem, sem truques e efeitos visuais, sem grandes interpretações ou riqueza de argumento, este é um filme que fala do sonho, que enaltece as relações e que se centra em grandes canções. Vencedor do Óscar da Academia para melhor música original e aclamado pela crítica musical, Once elevou a minha visão de banda sonora – é que aqui há espaço para se ouvir cada canção, como a voz de uma personagem com lugar no guião.
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