sábado, 18 de abril de 2009

Menina mulher

Será possível juntar o vigor do sapateado flamenco a sonoridades como as de Azucar Moreno e Adelaide Ferreira, condensando-as num espectáculo acima da média?
Foi sem expectativas que entrei no cinema São Jorge, na passada quinta-feira. No átrio, entre algumas caras conhecidas do grande público e ilustres desconhecidos, destacavam-se os promotores do concerto que, entre cumprimentos e conversas mais ou menos alargadas, iam dando as coordenadas para o acontecimento da noite – poucos bilhetes para venda a assistentes comuns, um curto atraso para levantamento dos últimos convites e a informação de que este seria um espectáculo para ver hoje e comprar depois (percebi que longe de ser o puro concerto para fãs, seria, antes de mais, um concerto para ouvidos críticos).
Tal como anunciado, La Shica entrou no palco da Sala 1 do São Jorge tardiamente. Fizeram-se ouvir os primeiros acordes no contrabaixo que, unidos ao som do guitarrista Fernando (o brasileiro que impõe às suas cordas a força e estímulo ciganos) fizeram-me perceber que a noite não seria de exclusivo flamenco.
Não tinha grande conhecimento do trabalho desta menina espanhola (nem considero que, depois de assistir ao seu concerto, o tenha ganho), mas a forma como conduziu o seu tempo para a glória, a sua voz robusta, a simpatia e a simplicidade com que comunicava com o público, e a capacidade de unir as diferentes e inúmeras abordagens que trespassavam cada uma das suas músicas, conquistaram-me.
La Shica é flamenco (no esplendor do canto e da dança), é jazz, é pop, é rock, é hip-hop. La Shica é salero, é glamour, é entretenimento e espectáculo.
Como espectador, rendi-me. Se produtor, comprava.

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