sábado, 10 de abril de 2010

Supersónico

Depois do segundo golo do Liverpool, veio a confirmação oficial. O Bandido só entrava às 22h.
Quando entrei numa Aula Magna que prometia boa assistência, estava longe de imaginar casa cheia - mais longe estava de imaginar o que teria Manel Cruz preparado para o seu mais recente projecto, Foge Foge Bandido.
Cinco minutos após o desmoronar do sonho europeu do meu Benfica (ficando na sala a solução para o problema "atraso"), o Bandido entrou em palco e pôs na mesa um dos seus trunfos (diga-se em abono da verdade, que excelentemente acompanhado de uma sólida quadrilha). Aplausos (merecidos) concluídos e senti que este não seria um concerto de ouvir e cantar, mas de experimentar.
O mote de Borboleta, a apoteose de Canção da Canção Triste, a par de temas como Canção Zero, Tempo Sem Mentira e Eleva foram as iguarias de uma noite de Luz (apenas a necessária para enquadramento dos diferentes elementos e que, na minha opinião, teria mais brilho se se mantivesse o quadro original da sala, em detrimento do fundo negro), Experiência, Som.
Se já há mistério na transfiguração de uma catedrática sala universitária numa mítica sala de espectáculos, foi sónica a forma arrojada como Nuno Mendes, Eduardo Silva, António Sérginho, Nicolas Tricot e o próprio Manel Cruz pareceram recriar um complexo laboratório experimentalista. Tudo serviu, tudo valeu, tudo se transformou - as guitarras pareciam tocar apenas o óbvio, havia uma profundidade quase nostálgica nas notas do baixo, a bateria electrónica suava a espacial, elevaram-se os sintetizadores, coroaram-se as percussões, tachos, serrotes e um ensurdecedor clarinete foram reinventados e a voz de Manel que, no sopro ou no seu esplendor, não nos fez esquecer as suas origens.
Quando se soltou este Bandido, num projecto que parecia difícil de transpor para palco e que resultava em prestações suadas e por vezes problemáticas (longe vão os tempo do Festival para Gente Sentada), poderá ter-se pensado que esta seria apenas mais uma face do homem que tornou míticos os Ornatos Violeta (curioso o facto de se terem extinto no auge e de hoje serem admirados por quem nunca teve oportunidade de os ver). Na passada quinta-feira, em duas horas de um concerto supersónico, Manel Cruz provou que este mais que projecto, é na realidade uma verdadeira banda.
Valeu a pena ter entregue o ouro a este Bandido (só foi pena o meu Benfica).










sábado, 3 de abril de 2010

Bola preta, bola branca

O que terão os nomes Volbeat, High On Fire, Fear Factory e Gojira em comum? Para já, o facto de assegurarem as primeiras partes da World Magnetic Tour em território europeu - o caso português, com maior desenvolvimento em Maio no Pavilhão Atlântico, foi resolvido com a escolha dos dinamarqueses Volbeat para o aquecimento de mais uma prestação dos Metallica em solo luso.
Quando, em meados de 2001, surge em Copenhaga uma banda com influências tão díspares como Metallica, Elvis Presley e Johnny Cash, ninguém imaginaria que teriam emergido dos ambientes death metal.
Michael Poulsen entra no mercado pela mão dos pesados Dominus e, em sensivelmente dez anos, consegue gravar duas demos e editar quatro álbuns. No entanto, cansado do panorama e das características da cena do metal mais duro, decide dar nova interpretação e novo rumo às suas influências musicais - não renegando ao que mais lhe havia motivado cria os Volbeat, nome inspirado num dos registos de originais do seu anterior colectivo (Vol. Beat).
Acompanhado pela guitarra de Thomas Bredahl, pelo baixo de Anders Kjolholm e pela bateria de Jon Larsen, Poulsen, responsável pelas vocalizações da banda e dono da sua segunda guitarra, tem conduzido os dinamarqueses num percurso pouco acidentado e bem sucedido. Viram já o seu nome aclamado em revistas da especialidade (destaque para a alemã RockHard), é reconhecida a sua energia e entrega em palco (principalmente no circuito nórdico), por diversas vezes ombrearam com alguns dos monstros da industria de peso (com a inclusão em cartazes de importantes festivais com bandas como Megadeth, Nightwish, Slayer ou Anthrax).
Por veredicto dos próprios Metallica, por questões de agenciamento, por contrato editorial ou por mera disponibilidade, alguns milhares de fãs dos Four Hoursemen terão a oportunidade (ou a obrigação) de assistir à prestação dos Volbeat em dois dias de concerto, marcados para 18 e 19 de Maio próximo, e a possibilidade de espreitar o seu novo trabalho com lançamento agendado para Setembro deste ano.