sexta-feira, 20 de março de 2009

Dia do Pai

... e porque ontem foi Dia do Pai (e porque sou pai e, mesmo com um dia de atraso, porque não o poderia deixar cair no esquecimento), gostaria de partilhar convosco, que eventualmente me leêm, a minha mensagem para este dia.
Em 1992 surgem os primeiros rumores de uma banda oriunda de Isla Vista. O primeiro single de maior relevo dos Ugly Kid Joe, Everything About You (estraído do álbum America's Least Wanted), invade as rádios nacionais e catapulta os californianos para o sucesso em terras lusas.
Munidos do seu poderoso rock, envolto em influências que navegavam dos sons do metal ao funk, apresentam-se a Portugal na primeira parte de um concerto de Def Leppard, trazendo na bagagem temas tão emblemáticos como Neighbor ou Cat's In The Cradle.
Cat's In The Cradle, original de Harry Chapin, surge na voz de Whitfield Crane com uma roupagem muito semelhante à da sua primeira versão. Capaz de mostrar o lado mais nostálgico do rock, esta música conta-nos a história entre um pai e o seu filho sem nos conduzir pelos fatídicos caminhos brejeiros, tão fáceis de encontrar num tema como este.
Uma canção que cresceu comigo, desde os tempos em que apenas era filho.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O que (se) passa na TV?

É dado adquirido que a televisão veio para nos mostrar o que há muito queríamos ver. Tornou-se corriqueiro afirmar que a televisão é a caixa que mudou o mundo. Mas será que já parámos para, apenas, escutar o que por lá se ouve?
Se há coisa que me chateia (e por vezes irrita) na programação que os nossos generalistas têm para oferecer, é a quantidade infindável de publicidade com que nos brindam. Diariamente resistimos aos duros golpes de marketing que nos aplicam, na tentativa de vender o melhor produto, perdemos horas na esperança que o “nosso” programa comece e, quando começa, desesperamos pelo seu reinício. Também já caí nesta rede, mas não por querer mudar o cartão do super-mercado.
Mais que esperar por bons programas de exclusivo musical (excluindo desde já galas de atribuição de prémios e comemoração de aniversários, onde determinados pivots da nossa praça se consideram sósias de Jessica Rabbit e se tentam valer dos dotes musicas que julgam ter), mais do que me perder na noite esperando o concerto que teima em não começar, encontrei na publicidade uma valorosa fonte de descoberta de (novos?) artistas.
Quem não bebeu da história de Brandie Carlile, enquanto invejava a fresca cerveja publicitada pela Super Bock?
Quem não se julgou Optimus por, simplesmente, se deixar levar?
Sobem as vendas, ou ganhamos com o achado?
Já agora, ficaria extremamente grato se me pudessem dar mais informações sobre o tema dos créditos finais da série Liberdade 21, exibida na RTP aos sábados à noite!




terça-feira, 3 de março de 2009

Deolinda: Receita popular para uma noite fantástica.

Ingredientes:

José Afonso e António Variações, em doses generosas
Sérgio Godinho e Madredeus, qb
Alma de Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro
Pequenos detalhes de rembetika grega
Punhados de música ranchera mexicana
Espírito de samba
Movimentos e graciosidade havaianos
Requintes de jazz
Polvilhados de pop

Modo de preparação:

Compre bilhetes com a devida antecedência (os concertos de Deolinda têm fama de esgotar com alguma facilidade).
Numa qualquer sala ávida de boa música, envolva todas as influências e contagie-as nos diferentes ritmos e ambientes.
Deixe-se levar pela voz de Ana Bacalhau, pelas composições e guitarra clássica de Pedro da Silva Martins, pelo contrabaixo de Zé Pedro Leitão e pela mestria de Luís José Martins.
Apure os sentidos, aprimore o humor e abra o espírito para um bom serão de (também) fado.

A opinião do Chef:

A mesa estava posta. Os naperons perfeitamente alinhados. Ao fundo, DEOLINDA, a spray branco, fazendo lembrar as paredes (agora) escritas da velha Lisboa.
Entraram solenes e a meia-luz. Nas paredes da sala podiam-se adivinhar estendais e o cheiro a roupa branca. Mal Por Mal lançou-se na noite e preencheu o pouco que restava de uma sala já cheia.
A cada novo tema, Ana Bacalhau fazia questão de nos contar uma estória. Meninas apaixonadas, danças no baile, amores (im)possíveis, viagens de autocarro ou procissões de aldeia, iam libertando cada música, descodificando cada letra.
Durante, sensivelmente, uma hora e um quarto, Deolinda mostrou-se no seu álbum de estreia, abraçou a sala, sentou-se ao colo dos seus espectadores, num misto de euforia e intimismo. Ao desfile de Canção ao Lado, faltou apenas Fado Castigo, confirmando-se o enorme sucesso de temas como Fon-fon-fon e Fado Toninho (com direito a bis em dois encores reivindicados sob calorosos aplausos) e o enorme poder de vocalização da fadista, que oscila entre as danças havaianas e o folclore ribatejano.
Na noite em que o Fórum Cultural de Alcochete fechou o ciclo dedicado ao fado – Fado (Re)Visitado –, não se ouviu a guitarra portuguesa, a noite não se mostrou de ar triste e sério, não houve fatalismo nem apelo à saudade. Na noite deste fim de ciclo, o grande auditório do Fórum Cultural de Alcochete fez-se bairro, vestiu-se de cores garridas e soube dançar o fado.

Ah fadistas!

Alinhamento completo do concerto (28.Fev.2009 – Fórum Cultural de Alcochete)

Mal por mal
Fado Toninho
Não sei falar de amor
Contado ninguém acredita
Lisboa não é a cidade perfeita
Quando janto em restaurantes
Fon-fon-fon
Eu tenho um melro
Ai rapaz
Canção ao lado
Entre Alvalade e as Portas de Benfica
Garçonete da casa de fado
Movimento perpétuo associativo
Clandestino
O fado não é mau

1º encore

Fado notário
Fon-fon-fon

2º encore

Fado Toninho