domingo, 22 de fevereiro de 2009

Pintado a Aguardela

A capacidade adquirida que temos para classificar, avaliar ou considerar, está intimamente ligada a conteúdos qualitativos tão díspares como o Ser criativo, o Ser vulgar, o Ser pioneiro, o Ser capaz ou o Ser visionário. É disto que vos quero falar.
Quando, no início dos anos 90, se mostra na estreia de Sitiados, João Aguardela torna público o esboço do que pretendia desenhar. A pop ganhava novos contornos, nova alegria e uma nova energia nas suas prestações ao vivo.
O início do novo milénio marca o fim do seu primeiro projecto e a afirmação de uma caminhada pessoal. Em entrevista ao jornal Público (1997) diz-se demasiado tradicional para o meio pop e pop demais para o meio tradicional, denunciando-se sob a pena de Megafone. Na mistura da electrónica com diferentes recolhas etnográficas, mostra-se cada vez mais ousado e original num misto urbano e rural.
O Megafone faz-se ouvir por quatro álbuns e em 2002, na companhia de Luís Varatojo e outros líderes de bandas nacionais, emerge na Linha da Frente oferecendo nova roupagem a autores tão consagrados como Ary dos Santos.
Recentemente, e ainda na companhia de Varatojo, João Aguardela fazia d’A Naifa a reinvenção do fado e a exaltação das raízes e das memórias de um país que queria diferente.
Regido por enorme criatividade, visto como pioneiro e visionário, foi sempre capaz de acrescentar à nossa música um acorde longe do vulgar. Completava este mês 40 anos de idade.
João viveu pintado a Aguardela.

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