segunda-feira, 8 de março de 2010

domingo, 7 de março de 2010

Não ser cego, surdo, nem mudo

Quando no passado dia vinte, e ainda a propósito do concerto de B Fachada no Fórum Cultural de Alcochete (ver publicação do dia vinte e dois), me despedi do próprio Bernardo prevendo o nosso próximo encontro para o fim de Abril próximo, menti. Não se enganou o Fachada (que acabo de saber ser nome de família), quando me disse que o projecto Diabo na Cruz resulta bem melhor ao vivo, que no seu registo de estúdio – “mesmo que só se goste mais ou menos do disco”. Estava então longe de adivinhar que o veria de braguesa ao colo, dançando no palco do S. Jorge.
Com, pelo menos, uma hora de atraso, o Diabo soltou-se para virar a noite lisboeta. Em toada mais hard que folclore, com casa cheia e direito a convidados de luxo na plateia – Samuel Úria, João Só e Joaquim Albergaria (ex Vicious Five) estavam presentes –, o quinteto alfacinha iniciou o seu espectáculo na capital com um tema que, não figurando no alinhamento eleito para o seu álbum de apresentação, respondeu de imediato à pergunta anteriormente lançada pelo meu anfitrião. O que traz este Diabo a palco, com vinte e oito minutos de disco gravado?
Entre o corridinho das modas que passam pelas bocas de um bom, e já grande, público (e a avaliar pela casa cheia) – Tão Lindo, Corridinho de Verão, Os Loucos Estão Certos e Dona Ligeirinha, as mais aguardadas, dançadas e aplaudidas –, o Diabo vociferou pela voz de Jorge Cruz (parecendo encarnar um Chris Cornell transmontano), que se fez maestro de uma noite que cumpriu, respondeu às expectativas, mas que, ainda assim, pareceu curta em festa e arraial (a braguesa de B Fachada foi quase sempre inibida pelo excessivo volume do virtuosismo do baixo de Barata, pelo ribombar das batidas de Pinheiro e a excelência de João Gil).
No próximo dia trinta de Abril, Alcochete abre as portas ao Diabo para o virar de mais uma data na sua campanha. A minha reserva está feita e por cá os espero... graciosamente.